terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Borboleta azul

Borboleta Azul

A primavera fez florir o canteiro, e uma bela ixória chinesa desabrochou em flor. Borboletas amarelas sempre aparecem para dar o ar da graça em um imenso quintal arborizado, de gramado verde, pedras nativas espalhadas, algumas fruteiras, colinas verdejantes ao redor e um imenso céu azul para contemplar.

De repente, uma linda borboleta azul adentrou pelos fundos da casa. Voou pela cozinha e foi ao encontro da dona da casa, que se ocupava dos afazeres domésticos. Estranhamente, a borboleta chamou sua atenção. A borboleta não parecia ter pressa. Diferente das outras, não fugia, não se assustava. Parava nas paredes como quem escolhe ficar. Quando fechava as asas, era quase comum, marrom, marcada por manchas circulares escuras. Mas, ao voar e abrir as asas, revelava-se azul intenso - bela, impossível de não admirar.

Confesso que parei tudo para observá-la, uma  visita inesperada. A casa ficou em silêncio, e por alguns minutos o tempo pareceu desacelerar. Ela atravessou a sala, o corredor, visitou os quartos, até decidir permanecer na parede do quarto do casal. Dali não saiu mais. No silêncio do quarto, a borboleta azul permaneceu imóvel, como se ali tivesse encontrado o lugar exato onde o tempo repousa.

Foi então que pensei em guardá-la. Achei bonita demais para simplesmente ir embora. Peguei um livro e, abrindo suas páginas próximas à borboleta, guardei-a ali entre as folhas. E o mais estranho: ela não bateu asas, não tentou escapar. Aceitou. Como se aquele recolhimento também fizesse parte de seu destino, ou mistérios maiores.

Alguns dias depois, a moldura foi comprada. A mais bela, daquelas que enchem os olhos, foi escolhida para emoldurar a borboleta azul. Será que a forma pensada foi a correta?  Ainda assim, tudo insistia em permanecer com sentido. O quadro ficou lindo, foi colocado na parede da sala, para adornar a casa, com uma história materializada.

Quem sabe, a borboleta azul foi um recado delicado da vida, ou Deus lembrando que Ele passa por nós em forma de leveza? Assim como aconteceu com o profeta Elias, que buscou a Deus no monte e não o encontrou no vento forte, nem no terremoto, nem no fogo. Deus se revelou na suavidade, no silêncio — numa brisa leve. Ali, Sua presença foi percebida pela sensibilidade espiritual.

Assim também a borboleta azul. Não exigiu explicações. Veio mansa, silenciosa, e deixou sua mensagem àqueles que sabem escutar e enxergar com o coração, num dia comum de setembro.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Habitar da alma

 

Habitar da alma

Gosto de socar o alho com sal na panela de fundo duplo, criando uma pasta caseira e saborosa. Levo a panela ao fogo, acrescento o óleo e deixo dourar. Sinto o perfume subir, vejo o dourado claro ganhar vida… isso é cozinha da alma. Em seguida, vai o arroz, já bem lavado e branquinho, numa bela refogada, até ouvir o som da água fria encontrando o arroz quente — aquele chiado que anuncia o encanto. Em poucos minutos, o arroz está pronto: soltinho, cheiroso, com gosto de casa.
Gosto de acordar não muito cedo e sair abrindo portas e janelas, deixando a luz do sol, o vento e a vida entrarem. Momento de oração. Observo paredes e tetos: tenho abrigo. Gratidão.
Gosto de guardar coisas e ressignificar outras que carregam histórias da minha vida.
Gosto de andar na rua, ver gente, estar no esbarro do mundo com pessoas de todos os tipos, formas e cores que cruzam o meu caminho. Talvez por isso, quando estou numa fila, é logo à minha frente que pedem passagem; quando caminho na calçada ou na rua, me param para pedir esmola ou informação. Sem falar nos panfletos: pego todos e só me desfaço deles quando a pessoa já não me alcança com os olhos. É por respeito.
Subo e desço escadas, gostando ou não — acaba sendo uma boa atividade física. Ah, escada… quantas vezes desci arrastando os pés e cambaleando o sono, às cinco da madrugada, para colocar a Educação em primeiro lugar. Valeu a pena.
Sou de poucos cosméticos; foi a idade avançada que me trouxe para mais perto da vaidade. Engraçado, não é?
Cuido pouco de plantas e  animais. Gosto mesmo é de gente. Dedico-me aos humanos, aos meus semelhantes aos meus  descendentes. Gente exige presença, escuta e paciência.
Gosto de descansar na cama, no quarto. Ali é o corpo se recolhe, e o mundo espera — é  repousante e confortável.
Gosto de organizar a própria casa, criando memória. É meu ninho, onde me reconheço e me protejo.
"Tudo em minha casa tem existência. Todas as coisas significo com os olhos ou com as mãos. Minha casa tem silêncios que às vezes ouço em meu corpo; há silêncios maiores ainda que escuto e transformo em poema Faço poemas do silêncio que ouço."
Gosto de deixar coisas feitas e arrumadas. Talvez seja apenas amor, ou uma forma mais simples e mais humana de eternidade.

Dez/2025

sábado, 13 de dezembro de 2025

Parabéns, Mariana!

Querida filha,
hoje você faz mais um ano de vida — que bênção ter você pertinho de mim!
Para descobrir sua idade, precisei contar nos dedos… Nunca fui boa com números: eles são exatos demais e não combinam nada com a minha imaginação.
O tempo passa, os anos se somam e você só melhora: mais sábia, dedicada à família, mulher segura, cara, de ideias firmes e coração enorme. Desejo saúde, muitas alegrias e tudo de bom que a vida puder aprontar de bom pra você. Te amo! 💞  
sua mãe

domingo, 7 de dezembro de 2025

Cantinho da neta







"Quando a gente conhece os pais a gente entende os filhos."
 Vc merece, minha neta! O bom gosto da mamãe adorna a casa e revela sua allma.

sábado, 6 de dezembro de 2025

Acácia


Acácia floriu!
amarela como o sol
aqui na Cidade Poema
és um lindo farol.

Teu perfume espalha vida 
desperta sonhos no ar
e quem passa pela praça 
para um pouco… só pra olhar.

Sob tua sombra tranquila,
o tempo vem descansar
e cada pétala caída
vira verso a caminhar.

Tu, acácia iluminada
pintas de ouro o meu lugar,
lembras que a beleza simples
é o que faz a alma encantar.

br_seixas
dez/2025