sábado, 26 de setembro de 2015

Semana Cultural - VII Festival Aberto de Poesia - FINAL -

AS 15 POESIAS CLASSIFICADAS PARA A GRANDE FINAL DO FESTIVAL DE POESIA
26/09/2015
01- Jaz - Thiago Yuri Gomes Miranda (São Fidélis – RJ)
02- Mistério vivo – Leda Mendes Jorge (Niterói – RJ)
03- Menino de rua – Berenice Seixas Alves e Silva (São Fidélis – RJ)
04- Crônica carioca – Helena Ortiz (Rio de Janeiro – RJ)
05- A cor do meu direito – Seirabeira (Brasília – DF)
06- Homenagem – Arinda de Carvalho de Ferraz (São Fidélis – RJ)
07- Acorda, menino – Feliciana Lopes da Silva Coimbra Cardoso (Cabo Frio – RJ)
08- Anos 90 – João Geraldo Martins Evangelista (São Fidélis – RJ)
09- Poema noturno – Ronaldo Henrique Barbosa Júnior (Campos dos Goytacazes – RJ)
10- Amor a vida - José Moreira (São Fidélis RJ)
11- Profess(ora)r – Adriana da Silva Barreto Vicente (Campos dos Goytacazes – RJ)
12-Todo dia é dia de poesia – Adriana da Silva Barreto Vicente (Campos dos Goytacazes – RJ)
13- Madrugada crua – Adriana da Silva Barreto Vicente (Campos dos Goytacazes – RJ)
14- Madrugada crua – Adriana da Silva Barreto Vicente (Campos dos Goytacazes – RJ)
15- Ruas ou O que há por trás da madrugada? – Carla Mangueira (São Fidélis – RJ)



CLASSIFICAÇÃO DAS POESIAS VENCEDORAS:
1ª Lugar: Aborto – autor Thiago Yuri (São Fidélis)
 premiação: 5.000,00 + troféu
2º Lugar: Ruas ou O que há por trás da madrugada – autora: Carla Mangueira (São Fidélis) 
premiação: 4.000,00 + troféu
3ª Lugar: Profess(orar)r – autora: Adriana da Silva Barreto Vicente (Campos dos Goytacazes)
 premiação: 3.000,00 + troféu
Melhor Intérprete – Thiago Yuri (São Fidélis)
premiação: 5.000,00 + troféu
Menção Honrosa de interpretação: Aline Reis - (São Fidélis) 
premiação: 3.000,00 + certificado

1º LUGAR
MELHOR INTÉRPRETE
Thiago Yuri



Aborto 
Abortados somos muito antes dos dezesseis, 
desde o dia em que nascemos, e assim sobrevivemos. 
O Estado é uma mãe inconsequente que cospe seus filhos, 
[que cospe nos filhos,
exibe os belos, e oculta os que nasceram mais feios.
Somos os filhos de pele preta, cabelo crespo, pés rachados,
[olhos esbugalhados,
os que ninguém sente orgulho de ter.
Somos os filhos de uma pátria “má gentil”,
tão gentil como a madrasta da Branca de Neve,
e que sem a doçura da maça
nos enfia o amargo fel goela abaixo.
E quem é que condena os abortos dessa pátria
[miserável que nos pariu?
Ò pátria amada, idolatrada, salve, salve!
Salve as meninas que trocam suas bonecas barbies
[por ursos peludos e nojentos
que usam seus corpos e dão em troca algumas migalhas
[para o sustento.
Nós, que nascemos em vielas, fomos criados em favelas
e adotados por ”bandido mãe”
Mãe que nos deu fralda, leite e abrigo, devemos á obrigação,
o que para muitos é sinal de perigo e para nós,
[heróis e amigos.
Agora o Estado aparece querendo de volta o seus filhos,
pois a sociedade quer uma atitude de verdade
[e vai nos por na Universidade.
USP, UFF, UFRJ, IFF? OFF.
As nossas universidades são os presídios
onde nos tornaremos doutores do crime,
para, no futuro, recrutarmos os novos fetos
abortados por essa pátria.
E ai? Vamos falar sobre aborto?
***
2º LUGAR
Carla Mangueira

'RUAS' ou 'O QUE HÁ POR TRÁS DA MADRUGADA
As ruas estão caladas.
A neblina perpassa os estacionamentos vazios
E dança por entre as palmeiras frondosas ao norte.
Na calçada, umas vidas jogadas
Envoltas num papelão qualquer
“Catei do lixo” – dizem.
O papelão fede a enxofre,
E a discrepância grita
Escancara a boca
Sacode seu corpo.
O frenesi agita a neblina
Mas não alcança o topo do prédio
Nem na mais vil surdina.
As ruas fedem.
Pelos cantos e esquinas
Deixam seu rastro de urina.
Os cães reviram o lixo. Que lixo!
Acham comida de gente. Que luxo!
E as vidas na calçada passam frio
Passam fome. Sentem dor.
As ruas têm uma poesia que é só sua.
Ouço os dedos rápidos nas caixas de fósforo.
Vejo risos.
As ruas têm o dom de parir.
Havia uma vida dentro de uma daquelas vidas
Que resolveu vir ver a vida antes da vida dar sinal.
O hospital não aceita vidas de nada na madrugada.
O líquido amniótico se mistura à urina fétida dos becos.
E no meio dos papelões e vidas
Nasce uma vida chamada Maria.
Não muito longe dali também havia Maria.
Maria de Fátima.
Porque as ruas também têm o dom de seduzir.
Morena alta, magra. Seios fartos. Bunda idem.
Roupa curta. 17 anos e uma avenida toda pela frente.
Os carros passavam. Ela sorria.
Ela sorria. Os carros paravam.
Era a garantia de seu pão do dia seguinte.
“Maria de Fátima, Maria de Fátima…” – eles diziam.
Seu nome naquelas bocas a fazia meretriz. Tão nova.
Enojava. Estuprava sua inocência perdida tão cedo.
“Sua vagabunda!”
“Mas eu não tive escolha! Preciso dar de comer ao meu filho!”
Comer… Pão… Leite…
Ora! Abram alas para o dia!
Pois as ruas também amanhecem.
Os papelões continuam lá.
As vidas voltam à sua rotina
De levar cacetadas pelas costas
Como uma forma de receber “bom dia”.
Os garis varrem as calçadas
Mas os cantos continuam cheirando à urina e sexo.
Não há mais música, nem caixas de fósforos.
Maria toma seu leite e suga o seio da mãe.
Maria de Fátima acorda arroxeada numa cama estranha.
E nua.
Maria de Lourdes toca a padaria.
Prepara o café
Separa cinco pães
Corta mortadela
E é surpreendida.
Quem não é surpreendido?
As ruas gritam entre buzinas e sinais
E eles vêm das calçadas, das esquinas e avenidas.
Pare agora. Olhe. Você pode ouvi-los?
***
3º lugar
Adriana da Silva Barreto Vicente

PROFESS(ORAR)
Verbo árduo ao conjugar.
Educar  nos substantiva com artigo indefinido
Um tio, um mágico, um mártir,
ou apenas um “fessor”…
Assim, substantivados, por honras e méritos
nos adjetivam
bons, competentes, maus,
“maneros” sábios provedores de informação.
Tantos adjetivos nos fazem perder a identidade
                                                                      apenas um numeral
do concurso à matricula.
Apenas mais um pronome interlocutor
do discurso ideológico
                                                                       da máquina
quando nos damos conta
na crise da identidade do “professamento”
somos “questionadores preposicionados”
por que, para que, em que tudo isso vai dar?
Então….  sabemos “adverbizar”.
Num tempo futuro talvez
de modo intensivo tomara que a vida,
não os negue aquilo que
aqui e agora “professoramos”!
“Interjeitados” declaramos em alto e bom som:
_Ainda vale a pena!
A pena que outrora deixara de manchar o papel
para embranquecer as mãos delicadas no quadro de giz
que perdera o trono para a majestosa caneta piloto
agora  jaz, pois, os tempos modernos dão mérito
as aulas virtuais.
 Aí é vez da conjuntura adversativa!
Mas, mesmo assim …
sendo verbo inconjugável,
indefinidos artigos , objetos da máquina
e um número por identificação.
Somos preposições de movimento
de noção no espaço e no tempo
de relação de companhia
no ontem, no hoje e sempre.
Por que um educador, na classificação
dos verbos da ação, é coadjuvante:
no criar, nutrir, cuidar,
educar, instruir, ensinar
e professar a oração da fé no conhecimento.
***
Menção Honrosa de Interpretação
Aline Reis
(Fonte: www.saofidelis.rj.gov.br)

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