quinta-feira, 28 de março de 2013

Morre Pedro Emílio A. Silva


Óh, poeta!
era esta a saudação
hoje soa um triste eco
na minha inspiração.

(bereniceseixas)

  
PEDRO EMÍLIO DE ALMEIDA E SILVA poeta muito querido em São Fidélis: "Cidade-Poema", onde passou a residir, desde tenra idade. Nasceu em Campo Alegre, distrito de Cantagalo e terra de Euclides da Cunha, em 09/06/1936, filho de Jonas de Almeida e Silva e Austrealina Silva. Bacharel em Direito, trabalhou em rádio e jornal. Aposentou-se em 1960, na função de Inspetor Seccional da Fazenda. Iniciou-se na Trova pelas mãos de A.A. de Assis. Ocupava a cadeira nº 04 da Academia Fidelense de Letras. Casado com Maria Paulina Sardenberg Silva e pai de Paulo Emílio, Polyana e Pedro Emílio Jr. Co-autor da Coletânea "Murmúrios do Paraíba", lançada em 1962. Faleceu em São Fidélis, no dia 28 de março de 2013, aos 76 anos.

TROVAS

A minha mãe se enternece
me embalando com o olhar,
compondo terços em prece
sem ser preciso rezar".

***

 Ao mesmo tempo em que mata,
mata e faz viver também...
Saudade é dor que maltrata,
maltrata fazendo o bem! 

***

 O destino, minha amada,
nos impõe coisas assim:
- Eu não te esqueço por nada!
Por nada... esqueces de mim...

***

 "Que Deus te ajude!" - assim disse
um mendigo em minha porta.
- Quem dera que Deus te ouvisse,
infeliz que me conforta!

***

Planta um beijo em meu jardim,
meu amor, quando te fores,
que, ao ver teu beijo florir,
murcharão as outras flores!
***

 Eu não troco a minha vida
pela vida de ninguém,
que nenhuma é mais florida
que a minha, junto ao meu bem.
***

 Ai, quem me dera morrer
à mercê dos meus desejos
– apertado nos teus braços,
afogado nos teus beijos!
***

 Das esperanças que tenho,
duas não posso alcançar:
são as que vivem pousadas
no verde do teu olhar...
***

No cantar de uma cigarra
há tanta melancolia,
que parece ser a tarde
chorando a morte do dia!...
***

 Desejar mulher alheia
é pecado sem perdão?
Mas... e se ela nos deseja,
comete pecado ou não?...
***

O outono as árvores deixa
despidas completamente...
– Vontade de ser outono
no corpo de muita gente!
**

(fonte: falandodetrova.com.br) 

"Quando a saudade
vem falar baixinho
em nosso coração
Do amor que vai
e deixa outro na solidão

Quando a saudade
numa noite fria
vem me atormentar
me dá vontade
de abraçar a angustia
e depois chorar

Ai saudade, tu vais me matar!
Vai saudade e deixe o amor em seu lugar!

****
 
Ao mesmo tempo em que mata,
mata e faz viver também...
Saudade é dor que maltrata,
maltrata fazendo o bem!
 
*** 
GAMBOA
Gamboa é a rua triste da cidade
Triste na expressão das árvores
Triste na expressão dos pássaros!
Gamboa rua da chegada,
Gamboa rua da partida …
Quando chego é rua do abraço
Que me estende o peito úmido de saudade,
Quando parto é rua do adeus
Que me acena na primeira curva do caminho
Gamboa é a rua das lágrimas amarelas dos oitis
Choradas das calçadas …
Rua das casas antigas debruçadas no tempo …
Lamento das rezas dos pardais em tardes de cinzas,
Sombras das casas antigas debruçadas no tempo …
Gamboa é a rua triste de minha cidade,
Triste só para mim, quem sabe ?
Lá, a gente chega na partida …
Lá, a gente parte na chegada …
Pedro Emílio.
*** 

Tempo

O tempo... que insaciável pantera
De afiadas presas, cruel punhal
que ceifa sempre toda a primavera,
Ah! Quanta voracidade fatal!

Ao ver-te, hoje, num fugaz momento
relembro, triste, de sua quimera:
Chorou-me o peito, em atroz momento
ao sentir que já se foi tudo que era...

... E consola-me, por desdém, a inglória
de saber que já não és, que não somos
e que ninguém será certamente.

Irônica, vã de Zeus a vitória
se sobrevive, infinito, Cronos

que cria e destrói, continuamente !
***  

Ao Poeta
Saudação a Pedro Emílio de Ronaldo Barcelos

Pedro Poeta de Almeida
Primeiro a cantar a primazia dos oitis
Que em tons de amarelo
Adornaram o chão da Gamboa
A despercebida existência dos sapotis
Que ainda hoje adoçam
A Grande Avenida
Pedro de Jonas e de Paulina
Dos sonhos de Austrealina
Pedro nosso a cada dia
A cada verso
A cada encontro de academia
Pedro Poeta de Almeida
De Paulo de Pedro e de Polyana
Primeiro a cantar em três tempos
A nossa festa a nossa gente
Em cada canto da cidade
Tempo que já se foram
E com certeza não voltarão
Pedro de grandes saudades
De boas lembranças
Pedro da tristeza da Gamboa
E da alegria dos quero-queros
Que em revoadas em tardes mornas
Quase não querem mais
E Pedro persiste
O Pedro do povo
Do toque da tuba da banda de música
Nas noites de abril
Que em outro lugar nunca se viu
Por que lá não tem Pedro
O Pedro é daqui
E aqui vai ficar
No encanto dos versos deste poema
Nos olhos da gente
Nos dias de agora
Porque Pedro Poeta Primeiro de Almeida
Você é HISTÓRIA!
 
(Ronaldo Barcelos)
Março 2012
 

"O poeta não morre fica encantado."
(Guimarães Rosa)

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