domingo, 18 de setembro de 2011

III Festival de Poesia em São Fidélis

O encerramento foi de ótimo tom
As poesias de bom tom
A vencedora de raro tom
O intérprete de esplendoroso tom
O maestro regeu bem a sinfonia
Nada saiu fora do tom.

Vencedores:
1º Lugar -
"ETERNO COMO SE FOSSE"
Éder Rodrigues
Pouso Alegre – MG
intérprete: Paulo Fernando - SF

ETERNO COMO SE FOSSE

Meus rastros eram anjos da guarda
que fincavam pelo chão o caminho dessa volta.
Pelo morro, algodão explodia a casca e caía manso,
cobrindo quase toda a terra de branco.

No meu peito, colostro manchando a roupa
Apesar do abraço já estar vazio
e do sangue ser coisa que já não vem.
Para dor tamanha, não há choro que vingue.
Só um silêncio que concorda,
para morrer depois.

Meus passos: vontades que não sei se tenho.
Teu quarto: imensidão que não sei se arrumo.
Ninho sem muitos ciscos
que vai perdendo o enlace dos ramos.
Ausência:vontade de ainda poder ninar suas insônias,
curar suas febres e envelhecer nas noites em claro.
Guardei teus dentes de leite.Teus gessos do braço.
Tuas roupas que foram ficando.As sujeiras da tua infância.

Depois de jogar flores em cima do teu sorriso
E esperar que o tempo sopre
as velas que ainda insistem no seu quarto
Sinto que minhas palavras
também adormeceram naquele dia.
Haverá chuva maior que faça
com que elas escorram morro abaixo?
Ou nenhum além devo esperar desse corpo
que ainda cicatriza o rasgo que lhe trouxe à luz.

Na tábua ao lado, a tua foto, os teus números.
Nenhuma lápide para o que fomos.
Nenhuma data para o que vivemos.
Saudade é voltar sozinha do alto do morro,
e saber que no resto dessas minhas forças,
jogaram terra sobre teu corpo,
e tive que te deixar por lá.

Meus rastros são anjos sem asas que marcaram no solo,
o insuportável desses seios fartos de solidão.
E pelo morro, o mesmo caminho:
Casca que prende o miolo firme no útero
e resiste em devolver à terra, as sementes de algodão.
*****
2º Lugar
"NATAL FONTE SECA DE MADEIRA"
Carlos Rodrigues
São Fidélis – RJ
intérprete: Eduardo França - SF
NATAL FONTE SECA DE MADEIRA

Foi assim, em um simples pouso da caçarola.
Tempos de lembranças, vontades e muita saudade.
Neste pouso da memória, neste encontro de estórias,
Distâncias viraram pó, ausências se extinguiram,
E como os exilados retornando do degredo,
Em um abraço encontrei o fim de um longo, longo segredo.

Foi assim, tempo de podas, consertos.
Olhar para trás, enxergar lá na frente.
Revelar pensamentos, enxugar lágrimas, silenciar soluços.
Cicatrizar o que se foi, e preparar o que será!

Foi assim, nas asas de uma borboleta, nas horas que se somavam,
Todos os equívocos se esvaziavam,
e aquele sentimento, por mais abstrato que seja, diante de nós,
junto a nós, se concretizava.

mas então, o que é isso agora?!?Que palavras representam?
Códigos, Anagrama, criptografia, enigma???

Esqueça as palavras. Sinta. Sinta a grama sob os pés.
Palavras confundem. Olhe pelas lentes do sentimento.
Foi um tempo profundo, um alento,
Palavras confundem e o sentimento revela
Atrás dessas palavras, uma declaração se eleva.
*****
3º Lugar
"POEMA DO CAMINHO"
Elias Araujo
Américo Brasiliense - SP
intérprete: Celso Maia - SF
POEMA DO CAMINHO

Os meus pés não conhecem o caminho:
È preciso ensiná-los,
como se ensina o vento
a namorar os galhos!

Os meus pés não conhecem o caminho:
È preciso pedir que os empurrem
como se empurra no céu azul
a metamoforse das nuvens!

Ah! Se meus pés fossem vento entre as nuvens
escolheriam o caminho mais longo
como um cometa errante
que caminha sem chegar a espaço algum:
porque eu não quero chegar,
eu só almejo o caminho
assim como o vejo
as eternas ondas em alto mar.

Os meus pés não conhecem o caminho:
Entretanto
Entre estes e outros tantos

versos
o portão se abre inteiro -----
como uma amante ao seu amor -----
e pega o mundo e seus caminhos
e está a me oferecê-los.

Os meus pés não conhecem o destino
mas eu não quero chegar:
eu só almejo o caminho ...
*****
Menção Honrosa
"Horizonte NU"
Sérgio Bernardo
Nova Friburgo-RJ
intérprete: o próprio

Melhor Intérprete
Celso Maia - São Fidélis RJ
Comissão Julgadora:
Professor e poeta Joel Melo/ Doutora Arlete Sendra/ Professora Ligia Sueth/ Poeta Antonio Manoel Sardenberg/ Clarissa Menezes/ Fátima Panisset/ Poeta Artur Gomes

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