Quem me conhece sabe que fui criada ouvindo música, tenho uma memória musical latente dentro de mim. Minha mãe era professora de música e dava aula de acordeon e violino em casa, não ensinava piano, pois não tinha o instrumento, vida muito humilde mesmo, mas sabia música como ela só! Tocava órgão na Primeira Igreja Batista, era uma levita nas teclas, ela tirava o hino (modo de falar) na hora do louvor, para que toda congregação de irmãos louvassem a Deus. Uma bênção! Quando criança tive o prazer de acompanha-la na igreja e ficar pertinho dela, ao lado do órgão, admirando todo aquele grande espetáculo divinal. Como perdi tempo na vida! Minha mãe também tocava harpa, não a vi tocando, penso por ser um instrumento incomum, sei, pois, ela contava em suas poucas conversas. Uma vez ela disse, que chegou até tocar o hino nacional numa máquina de escrever, num clube social que tinha na rua Alberto Torres da nossa cidadezinha. Acredito.
Assim passei minha juventude ao som das "breves" e "semi-breves". A música é eterna, mas a vida é frágil e breve, cheia encantos e cantos, às vezes no tom certo, outras fora do tom. Mas, vou aprendendo a viver, muito mais agora, em meio à crise sanitária, econômica e política que vivemos, um tempo de incertezas, ódio, intolerância, onde uma pandemia continua matando gente, e ainda temos que ouvir: e daí?
Nada como a música para nos acalentar! Essa nos acordes do acordeon, é belíssima! A música "Mercedita" é uma linda homenagem a uma história de amor não correspondida, muito conhecida na Argentina, entre Ramon Sixto e Mercedes. Histórias de amor são sempre inspiradoras!
MERCEDITA
Que doce tem
Mercedita suas lembranças
Perfumada, florida
Amor meu de uma vez
A conheci no campo
A muito tempo em uma tarde
Onde crescem os rigos
Condados de Santa Fé
E assim nasceu nosso querer
Com ilusão, com muita fé
Mas não sei porque a flor
Murchou e foi morrendo
E amando-a com louco amor
Assim cheguei a compreender
O que é querer, o que é sofrer
Porque lhe dei meu coração
Vagando como uma queixa
Flutuante no campo vai
O eco do meu canto
Lembrando daquele amor
Mas, apesar do tempo
Decorrido é Mercedita
lenda que hoje palpita
No meu canto nostálgico
E assim nasceu nosso querer
Com ilusão, com muita fé
Mas não sei porque a flor
Murchou e foi morrendo
E amando-a com louco amor
Assim cheguei a compreender
O que é querer, o que é sofrer
Porque lhe dei meu coração.
Merceditas (ou Mercedita) é uma conhecida canção do folclore argentino, em ritmo de chamamé, composta e gravada com êxito por Ramón Sixto Ríos, na década de 1940. Alcançou sucesso nacional e internacional com as gravações de Ramona Galarza em 1967 e do grupo Los Chalchaleros em 1973. Trata-se de uma canção de amor não correspondido, considerada, junto a "Zamba de mi esperanza", como a mais famosa música folclórica da Argentina e uma das treze mais populares desse país.
Em 1939, o músico Ramon Sixto Rios, nascido na antiga cidade da Federación, foi um jovem de 27 anos que chegou na cidade de Humboldt para atuar em um grupo de teatro na Sarmiento Club.
Lá ele conheceu Mercedes Strickler Khalov (1916-2001), a quem todos chamavam Merceditas, uma bela e Camponesa, loira de olhos azuis, três anos mais jovem, que vive em um laticínio de leite localizado na zona rural em torno da cidade de Humboldt, na província de Santa Fe. Merceditas, filha de imigrantes alemães, havia perdido seu pai quando ela era uma garotinha e, desde então ele teve que assumir a pousada com a mãe e a irmã.
Esse primeiro encontro teve lugar no Sarmiento Club de Humboldt. Ela usava um vestido branco e usava os cabelos longos e encaracolados e ele tinha um terno trespassado e estava penteando o gel de cabelo.
Merceditas e Ramon começou uma relação formal, que permaneceu dois anos, alimentada pelas cartas que eles trocaram, pois ele viveu em Buenos Aires, mais de 500 quilômetros de distância.
Em 1941, Rios decidiu propor o casamento, e ele viajou para Humboldt com anéis. Mas, inesperadamente, Merceditas rejeitou sua proposta:
Eles se separaram passado no terminal de ônibus da Esperança. Apesar da pausa, Ramon e Merceditas continuou a escrever vários anos, até que parou de responder, em 1945. Ele insistiu, no entanto, mais alguns anos, passando as cartas que lhe causava dor que o amor não correspondido:
Ramón Ríos continuou a sua vida e se casou com outra mulher, que enviuvara apenas dois anos depois. Em 1980, uma revista de Buenos Aires, publicou uma nota, que incluiu uma entrevista com Merceditas. Rios escreveu uma carta pedindo-lhe para ir para Buenos Aires, reunião que se materializou logo depois. Ele voltou a propor casamento, mas ela se recusou novamente. Mantiveram-se em contato estreito até a morte de Rios, 25 de dezembro de 1994, quando ele tinha 81 anos. Seu último ato foi legar os direitos da canção. Ela viveu até os 84 anos e morreu sem deixar filhos em 8 de julho de 2001. Até o último momento vivido com a sensação de que Deus havia punido por seu comportamento. (fonte: wikipédia)
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