Há exatamente 100 anos, acontecia, em São Paulo um movimento cultural que mudaria totalmente a forma de expressão artística brasileira. Trata-se da Semana de Arte Moderna, que aconteceu entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal. O evento marcou o início do modernismo no Brasil e contou com nomes como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Anita Malfatti, Graça Aranha, Guiomar Novaes, Plínio Salgado, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Tácito de Almeida e Di Cavalcanti. Tarsila do Amaral, um dos grandes pilares do modernismo estava em Paris. Mais tarde, entretanto, Tarsila faria parte do Movimento Antropofágico, manifestação artística da década de 1920. A Semana de Arte Moderna de 1922 representou uma verdadeira revolução na cultura nacional, em áreas como pintura, escultura, poesia, literatura e música. (fonte: instagram)
OS SAPOS
(Manuel Bandeira)
Enfunando os sapos,
saem da penunbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi" - "Não foi".
O sapo -tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
As fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas ..."
Urra o sapo-boi:
-"Meu pai foi rei" - "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não Foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canto no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
-"Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido e frio,
sapo-cururu
Da beira do rio ...
!- Quem são os Sapos no poema de Manuel Bandeira?
O poema Os Sapos é um clássico do escritor brasileiro Manuel Bandeira criado em 1918 e publicado em 1919 no livro Carnaval. Bandeira chama de sapos os poetas parnasianos que somente aceitavam a poesia rimada, formal, como os sonetos. Os versos fazem uma sátira ao movimento Parnasiano, que precedeu o Modernismo, foi declamado por Ronald de Carvalho durante a Semana de Arte Moderna de 1922.
2- Qual dos sapos caracteriza a vaidade excessiva de alguns parnasianos?
O sapo-pipa.
3- Por que ler o poema Os Sapos foi vaiado?
Na segunda noite, dia 15 de fevereiro, os Sapos, poema de Manuel Bandeira (1886- 1968), que não compareceu ao evento, seria declamado por Ronald de Carvalho, em meio às vaias da plateia. Ao ridicularizar os parnasianos por sei apego à métrica, Os Sapos representou uma espécie de declaração de princípios dos modernistas. (Fonte: google)
Excelente postagem. Informação, cultura e conhecimento nunca é demais.
ResponderExcluirParabéns.
Obrigada. Que bom que gostou!
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