O N Z E B A R R A N O V E
Pularam dos andares em chamas -
um, dois, alguns outros,
acima, abaixo.
A fotografia os manteve em vida,
e agora os preserva
acima da terra rumo à terra.
Ainda estão completos,
cada um com seu próprio rosto
e sangue guardado.
Há tempo suficiente
para cabelos voarem,
para chaves e moedas
caírem dos bolsos.
Permanecem nos domínios do ar,
na esfera de lugares
que acabam de se abrir.
Só posso fazer duas coisas por eles -
descrever este voo
e não acrescentar o último verso.
(Wislawa Szymborska)
poeta polonesa / prêmio nobel de literatura 1996
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