Depois que partiu, o tempo anda passando muito rápido, são dois anos sem a sua presença forte em nosso lar, e na minha vida. Que bênção sentir que ainda existe uma força que me impulsiona a seguir e a reerguer diante da vida. Difícil são as lembranças de tudo que vivemos. Depois que partiu os dias têm sido um querer trazer de volta tudo aquilo que nunca mais vai acontecer, é como aquela nuvem que forma um lindo desenho no céu, vindo o vento, a faz desaparecer.
De manhãzinha, levanto para seguir sozinha (e Deus) os passos que pensei de caminharmos juntos por muitos anos. Mas, não me sinto solitária, estou rodeada e ainda saboreando nossos doces frutos multiplicados, os filhos e netos. Sem ti me pego triste e saudosa, nessa nova caminhada, mas, prossigo. Amo em dobro tudo que deixou para trás com sua partida, faz parte de todo amor que nos pertence, que vivemos e sonhamos. Em cada piscar de olhos tem a marca do nosso amor. Tudo está selado!
Sou viúva do seu nome, de sua presença; viúva - palavra difícil de carregar e pronunciar, num bom sentido das coisas. Não assisto mais nada de futebol, troco de canal na hora, não gosto de ver nenhum jogo, não tem mais a sua olhada fixada e bem entendida do assunto, não tem mais graça com a sua ausência, penso que o futebol, assim como eu, enfraquecemos sem você.
Era contigo lado a lado, diariamente, que abria portas e janelas despreocupadamente ao amanhecer, e cabia a você fechar portas e janelas preocupadamente ao anoitecer. Agora sou eu, que sozinha, executo esse ato que parece ser tão simples, ao mesmo tempo, tão difícil de elaborar. É que o abrir exterioriza uma enorme gratidão a Deus por mais um dia de vida e o fechar interioriza um acolhimento por tudo que vivemos e amamos.
Vivo o meu dia a dia, andando pelos cômodos da casa numa rotina desenfreada, sentindo um vazio de um silêncio de não conseguir escutar novamente a tua voz e os teus passos. Dói!
Sei que hoje não caminha mais comigo, mas também sei que você nunca partiu.