Depois de longas e longas caminhadas voltei a entrar num Circo. Quantas emoções ao lembrar de um tempo de juntar a garotada da rua e curtir a chegada de um circo na vizinhança!
Todo circo que chegava na cidade esticava sua lona no aterro, perto de casa, no mesmo lugar que hoje é o Corpo de Bombeiros. Depois da escola a garotada se reunia, e corríamos até a linha do trem para apreciar de perto algo novo na redondeza.
Aquela lona levantada sobre aquele chão de terra vermelha batida, as vezes já bem desgastada com o tempo, barracas de moradia, carros pintados, bichos enjaulados, gente diferente por perto, tudo isso aguçava a nossa curiosidade.
Para chamar atenção das pessoas na cidade o circo desfilava pelas ruas com seus carros, artistas, animais na jaula, anunciando que: - O Circo Chegou! - Hoje tem espetáculo do "Real Circo"! As pessoas se empolgavam, era novidade na cidadezinha
Quando chegava a noitinha o alto falante com suas músicas típicas de circo, atraía seu respeitável público para o grande espetáculo da noite. Tinha as matinês também. Tudo era motivo de diversão para nós.
Tinha o palhaço Sassarico, os trapezistas voadores, o mágico, os equilibristas de várias modalidades; como pratos, corda bamba, o domador de leão, globo da morte e outros mais.
Lembro-me do menino com seu tabuleiro de madeira com furos, vendendo nas arquibancadas pirulito bala, com feitio de uma sombrinha fechada, que delícia! Sinto até hoje o gosto desta guloseima de criança que só tinha no circo.
Mas o que me marcou mesmo foram aquelas músicas de circo tocadas no alto falante ... eram únicas! Ficou guardada até hoje na minha memória afetiva de bons de tempos de menina.
Hoje fica difícil, não impossível, de juntar aquela linda garotada. É que cada uma estendeu a sua lona pelo esse mundão de Deus, umas perto outras longe, e construímos o nosso maior espetáculo - a Família.
Como tudo muda, o circo também mudou ...
Mas não deixou de perder os seus encantos.